REFLEXÕES SOBRE O PENSAR A FÉ HOJE

É preciso pensar a fé e não somente consumir a fé!

O grande presente do Papa Francisco, e ao mesmo tempo um desafio, tem sido o de adaptar a fé, o Evangelho a um novo contexto histórico e cultural hoje. Papa Francisco tem colocado a Igreja num movimento e numa dinâmica de reforma perante o mundo em plena transformação, perante as pessoas e suas relações concretas.

Precisamos nos perguntar: o que é irrenunciável hoje? Devemos estabelecer prioridades!

Significa, em certo sentido, rever a imagem de Deus. O que é imaginar Deus? A Bíblia se nos apresenta diversas imagens. Imagens que não são “Deus” (se reduzir Deus a uma imagem isso é idolatria). Deus está além de nossas imagens.

Qual é a imagem de Deus hoje? Deus Trinitário que é Relação em si mesmo.
Hoje podemos dizer melhor através da imagem de Deus revelada através da bela humanidade de Jesus de Nazaré. A verdade de Deus que é Jesus. O homem Jesus de Nazaré (carta aos Efésios).

Hoje, precisamos de 3 coisas para restaurar esta verdade de Deus na sua experiência mais genuína:

Criatividade
Imaginação
Coragem

Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Precisamos saber que esta fé vem na cultura. Formas imaginativas de presença – libertar-nos da presunção para descobrir novas formas de presença na nova realidade.

Imaginar: dar forma ao que não existe. Isso nasce com a profecia.

Sinodalidade agora: não existe um gênio que sabe tudo. Mas significa pensar juntos para encontrar um consenso. O Papa Francisco é o primeiro depois de quantos anos. Um Papa escolher pensar a Igreja pela via do caminho sinodal é uma grande audácia. Ah! Essa criatividade do Espírito …

Criatividade é ver uma realidade e formular hipóteses para a resposta.

Sem coragem nós já estaríamos mortos. Sem nos darmos conta do que precisamos pensar da fé neste atual contexto, seremos apenas luz escondida sobre o monte.

Precisamos pensar o Evangelho à maneira de Jesus: Como Jesus pensa, sente, age… Necessitamos sentir novamente o frescor da Palavra de Deus; ler o Evangelho e perguntar-se: como Jesus faz isso? Como ele sentiu e reagiu diante das realidades que lhe circundavam? E nós?… Precisamos sair do automatismo! A vida é por demais criativa para vivermos no automatismo!

6 coisas fundamentais para transmitir fé:
1) Uma comunidade – que transmite vida. A nossa comunidade cristã anuncia o Vivente? Que promessa de vida esta comunidade faz? Qual é a responsabilidade de um jovem em ser verdadeiramente cristão? Experimentemos a alegria e a beleza de estarmos juntos, em todos os momentos. “Bem-aventurados os que choram hoje porque a aflição não é a última palavra”.

2) Amar a igreja. Isto concentra uma experiência de amor. Igreja deve ser experiência relacional, terapêutica, de amor, fé e compromisso.

3) A igreja como lugar de libertação do medo – onde as pessoas não têm medo de discutir, argumentar, expressar as suas ideias e opiniões… A mesma sinceridade de Jesus em falar e argumentar com franqueza aquilo que deve ser dito.

4) Experiência na vida de Cristo morto e ressuscitado. Transmitir a fé através de testemunhos e não como profissão

5) Sublinhar a dimensão bíblica da sabedoria. A Tradição Sapiencial é aquela que as experiências do mundo são a experiência de Deus (Jó).
A experiência do eros, da sexualidade, do enamoramento. Amizade, trabalho, doença, dinheiro….Trabalho. Recuperaremos esta dimensão de sabedoria para experimentar uma humanização à imagem de Jesus de Nazaré. Parar. Este é o centro do Evangelho

6) Centralidade de Jesus: Mais do que acreditar, escutar. A atitude discipular se faz escutando, moldando o coração com a Palavra dEle: Jesus!

A lógica da Sinodalidade é a lógica da Pirâmide invertida; juntos a Pedro, “primus inter pares”: esta é a sinodalidade. A partir de todos! Começar com todos!

CADA UM TEM SEU DESERTO A ATRAVESSAR


O que é que evoca para nós a palavra deserto? Silêncio, imensidão, vento abrasador? Não só. Evoca também sede, miragens, escorpiões… e e encontro do mais simples de si mesmo no olhar espantado do homem ou da criança que brota não se sabe de onde, entre as dunas?
Existem os desertos de pedras e de areias, do Hoggar e do Assekrem, do Ténéré e do Sinai, e de outros lugares ainda… o deserto é sempre o alhures, o outro lugar, um alhures que nos conduz para o mais próximo de nós mesmos.
Existem, enfim, os desertos interiores. Deles é que temos de falar, sabendo reconhecer o que apresentam de doloroso e tórrido, mas tentando também descobrir, aí, a fonte escondida, o oásis, a presença inesperada que nos recebe, debaixo de uma palmeira sorridente, em redor de uma fogueira onde a dança dos “passantes” se junta à das estrelas. Pois o deserto não constitui uma meta; é, sim, um lugar de passagem, uma travessia. Cada um, então, tem a sua própria terra prometida, sua expectativa que deverá ser frustrada, sua esperança a esclarecer.
Algumas pessoas vivem esta experiência do deserto no próprio corpo; quer isto se chame envelhecer, adoecer, sofrer as conseqüên- cias de um acidente. Esse deserto às vezes demora muito a atravessar.
Outras pessoas vivem o deserto no coração das suas relações, deserto do desejo ou do amor, das secas ou dos aborrecimentos que não se aprendeu a partilhar.
Há também os desertos da inteligência, onde o mais sábio vai esbarrar no incompreensível e o mais consciente no impensável. Conhecer o mundo e as suas matérias, e conhecer-se a si mesmo e as suas memórias, isto só se consegue atravessando desertos.
Temos, finalmente, os desertos da fé, o crepúsculo das idéias e dos ídolos, que havíamos transformado em deuses ou num Deus, para dar segurança às nossas impotências e abafar as nossas mais vivas perguntas.
Cada pessoa tem tem seu próprio deserto a atravessar. E sempre de novo será necessário desmsrcar-lhe as miragens: mas também contemplar seus milagres: o instante, a aliança, a douta ignorância e a fecunda vacuidade.


(Jean-Yves Leloup, Desertos deserto)

Grazie Mille! Gratitudine! Obrigado!

Olhando para o final do Ciclo de Mestrado, após 3 anos vividos com intensidade e empenho, não tenho palavras para agradecer a Deus e a todos que me ajudaram neste processo. Gratidão imensa!

Ter asas e saber voar

Pintura em tela. Obra do artista Pe.
Marco Balzan


Não te servirá as asas
Se não aprendes a voar.

Voa, ó homem!
Para além do mar azul
No infinito de todas as cores
Até te perderes nelas, e te encontrares!

Quem te ensinou, ó gaivota,
Voar além, contemplar o belo
E ver a imensidão do todo?

Homens, gaivotas…
Voar além…
Para cumprir seus destinos…
Serem, e tornarem, quem de fato são…

O que seria de ti, ó gaivota,
Se não te elevasses
Acima do horizonte
Para tornares, de fato, quem és?

Homens, igualmente gaivotas…
Descobrem-se livres,
Não por haver asas
Mas por serem capazes de voar.

Aprenda, ó homem,
Para cumprir o teu destino
E tornar-se em quem, de fato, és
A voar!

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Avere le ali e saper volare

Le ali non ti serviranno
se non impari a volare.

Vola, oh uomo!
Oltre il mare azzurro
Nell’infinito di tutti i colori
Finché non ti perdi in loro e ritrovi te stesso!

Chi ti ha insegnato, oh gabbione,
a volare oltre, contemplare il bello
e vedere l’immensità del tutto?

Uomini, gabbioni…
Volano oltre…
per compiere il loro destino…
Sii, diventa chi sei veramente…

Che ne sarebbe di te, oh gabbione,
Se non ti alzassi
Sopra l’orizzonte
Per diventare veramente quello che sei?

Uomini, anche gabbioni…
scoprirsi liberi,
non perché ci siano le ali
Ma per poter volare.

Impara, oh uomo –
per compiere il tuo destino
e diventare chi sei veramente –
a volare!

Porque o Poema, e a arte em pintura?

Poema do Pe. Waldech Brito Gondim na conclusão do seu ciclo de estudos do Mestrado em Direito Canônico na Marcianum, em Veneza. A inspiração deste poema nasce desta obra de arte, pintada em tela, pelo artista Pe. Marco Balzan. A tela foi pintada e dada de presente por Pe. Marco a Pe. Waldech em 23 de dezembro de 2023, e representa uma grande gaivota, de asas abertas, que transcende as montanhas e o mar azul, penetrando um horizonte de cores vivazes, dando a ideia do vôo existencial, do humano que transcende, do conhecimento que faz surgir coisas novas, da vida que pulsa! Ainda acreditamos que a arte salvará o mundo!

Pe. Waldech Brito Gondim

Terremoto no Afeganistão

No último sábado 7 de outubro um terremoto de magnitude 6,3 atingiu parte de uma região do Afeganistão, deixando cerca de 3 mil mortos e mais de 10 mil feridos. O Papa Francisco expressou o seu pensamento junto ao povo afegão.

Os desastres naturais estão ocorrendo sempre com mais frequência e com potencial extremo de destruição. O planeta Terra dá sinais de uma mudança que vem acontecendo nele mesmo e exigem do ser humano mudanças radicais de mentalidade no que se refere ao modo de se relacionar com a natureza. É preciso criar um novo estilo de vida baseado no cuidado e preservação.

Todavia, enquanto isto, a humanidade ainda não superou os seus próprios conflitos: guerras, produção agroindustrial extrema que gera maior emissão de gás carbono, desmatamento, queimadas, poluição dos rios e destruição de nascentes.

Como responder às exigências da própria natureza, que pede que estejamos além, se ainda estamos a quem dos nossos próprios conflitos humanitários?

Neste mês de outubro, o Movimento Global pelo Clima Laudato Si celebra o “Tempo da Criação”. Deixo aqui a “Oração para Escutar” do Movimento Laudato Si. Precisamos gerar cuidado e empatia, construindo novas relações humanas e com o planeta.

Oração para Escutar (do livro de Orações do MLS)

Santíssima Trindade, Criador, Salvador e Ruah, Pela Tua Palavra de vida tudo foi e é criado, tudo foi redimido e é chamado à Redenção, tudo foi unido em Teu seio de amor e é chamado a viver em comunhão.Por Tua causa, querida Trindade, toda a criação é um constante exercício de escuta da Tua Palavra para que possamos encarnar a Palavra em nossa própria vida.Portanto, ensina-nos a escutar verdadeiramente a Tua Palavra criadora e criativa. Recorda-nos que a Tua Palavra está presente e pode ser escutada em cada ser vivo.Que possamos escutar e aprender da Tua mensagem presente em toda a natureza. Abre nossos ouvidos e corações e ensina-nos a força e a coragem, para que possamos ouvir a dor e o sofrimento da nossa irmã mãe terra e dos mais afetados pela crise socioambiental.Amém.

Fonte de imagens #vaticannewspt. Fonte do Texto da oração #LaudatoSiMoviment.

Pe. Waldech Brito Gondim

LAUDATE DEUM E O AGRONEGÓCIO NO BRASIL

Imagem site Vatican News

Hoje, 4 de outubro, no dia de São Francisco de Assis, o Romano Pontífice presenteia os cristãos católicos e os homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo com a Exortação Apostólica Laudate Deum.

Laudate Deum é a continuação do pensamento do Papa Francisco em sua Encíclica Laudato Si’, escrita há 8 anos. No entanto, com uma sutil diferença: A primeira é uma carta (“Encíclica”); dirigida a todos os Bispos e, por meio deles, a todos os fiéis. A “carta” possui um caráter mais pessoal do Sumo Pontífice e, portanto, mais solene, por meio da qual o Papa expõe o seu pensamento sobre um tema, como este sobre o cuidado com a “casa comum”. A segunda é uma Exortação Apostólica, possui um caráter menos solene, no entanto não menos importante. Nela, o Papa também expõe o seu pensamento, mas dirigindo-se automaticamente a todos, como o próprio título da Laudate Deum diz: “a todos as pessoas de boa vontade sobre a crise climática”, com o objetivo de exortar, ou seja, incentivar de modo incisivo a esta reflexão.

Deixando à parte as peculiaridades de designação terminológica, a questão central que quero me referir é outra.

Neste mesmo dia em que o Papa lança a Laudate Deum, o Senado Federal Brasileiro aprova o mercado de crédito de carbono, criando o sistema brasileiro de comércio de emissões de gases de efeito estufa. Significa que as empresas e indústrias que emitem gás carbono serão taxadas no Brasil e, consequentemente, deverão pessoalmente estabelecer limites de emissão.

No Brasil, o setor que mais emite gás carbono é a atividade agrícola e pecuária, ou seja, o agronegócio. E ainda neste mesmo dia de aprovação do mercado de carbono, o agronegócio foi excluído da taxação após um acordo entre os senadores.

Justamente o agronegócio, que mais emite gás carbono, foi isento de estabelecer limites para na emissão.

Caberia aqui uma reflexão mais ampla a ser feita sobre a política em si. Estamos vivendo a época da “esquizofrenia linguística”. Penso que se o filosofo linguista Ludwig Wittgenstein (1889 – 1951) vivesse hoje, assim conceituaria o contexto atual: a esquizofrenia da linguagem, ou seja, a palavra não representa mais o objeto ao qual ela se refere; a cisão fatal entre o significante e o significado das coisas.

Política, em sua expressão mais genuína, é a arte do bem comum. Todavia, como aplicar este termo à política atual e aos políticos que temos, se os interesses que eles defendem não são para o bem comum e sim para os seus próprios interesses e interesses articulados de bancadas que estão voltadas para si mesmas?

Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE no ano passado, o Brasil tem 15% mais bois do que gente. Isto afeta drasticamente as relações fundamentais para um equilíbrio sustentável entre homem – natureza – animais.

Para muitos, o fato de o Brasil produzir e exportar parece ser positivo, e em geral é, sim, positivo. No entanto, ao adentrar as peculiaridades do agronegócio, a pergunta de fundo è: vale a pena produzir tanto? Às custas de que se produz? Qual é a relação entre população brasileira e produção-exportação no item pobreza-riqueza? Qual a relação produção – proteção da natureza, seja das suas reservas naturais ou da recuperação das áreas utilizadas para as atividades agrícola e pecuária?

Neste ponto, bastaria um olhar para alguma destas questões e não seria tão difícil identificar os graves desequilíbrios existentes nas relações de produção e na distribuição de renda do País. Ademais, é provocante uma última questão: com a crise climática cresce cada vez mais a discussão internacional sobre mudanças para reduzir o uso de carburantes. Neste sentido, outros países que adotam seriamente regulamentações para reduzir a emissão de gás carbono continuaria empenhados em manter relações comerciais com países que não compactuam dos mesmos ideais? Certamente não!

A ilusão do agronegócio, se não mudar de estratégias, produzirá somente, e tão somente, sempre mais dinheiro e menos saúde, menos compromissos com a redução da fome e da pobreza, menos conservação do planeta. Numa nação que tem mais bois do que gente, a Exortação do Papa encontrará muitos desafios a ser acolhida e colocada em prática. Mas eis aí a importância do “exortar”, incentivando uma reflexão necessária sobre os problemas climáticos atuais!

Pe. Waldech Brito Gondim – 04. 10. 2023

XXIV Domingo do Tempo Comum

O ponto fulcral está na parábola que Jesus conta aos discípulos sobre a necessidade de perdoar não somente 7 vezes, mas 70 vezes 7, ou seja, perdoar sempre, como Deus assim nos perdoa. E ao final desta parábola existe uma pergunta que o Patrão faz àquele a quem ele perdou uma grande dívida, e este que foi perdoado não perdoou a quem lhe devia uma quantia irrisória.

No domingo em que o Evangelho de Jesus recorda a todos – e em modo vinculante aos cristaos – a exigência de um amor tão grande, sem cálculos e sem limites para com o irmão, merece fazer uma reflexão ecclesiologica acerca da identidade mesma da Igreja, enquanto missionária e portadora do Evangelho.

“Servo mau, perdoei-te, porque me pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?” (Mt 18, 32-33). Esta é uma pergunta que gera uma provocação a todos nós, particularmente neste contexto em que estamos vivendo, mas olhando também para o passado, buscando compreender o desenvolvimento de uma nova mentalidade, não baseada na vingança mas no perdão.

A grande novidade que Jesus, o Filho de Deus, trouxe ao mundo e às pessoas em suas relações concretas foi o perdão. Num contexto em que a Lei de Talião era a expressão máxima que se tinha alcançado, no sentido de uma lei “justa”, de vingar em modo equivalente, Jesus revoluciona a mentalidade de sua época com a não-violência, a não-guerra, a não-vingança. Ele, Príncipe da Paz, provocou uma profunda crise no sistema politicamente construído, chamando às pessoas a amarem como Deus, perdoarem como Deus, viverem ao modo de Deus.

Não por acaso os primeiros cristãos sofreram e enfrentaram corajosamente o martírio. Beatos os construtores e promotores da paz! Uma multidão na história que, durante séculos e dispersos pelo mundo, derramaram o próprio sangue em nome da paz. Aqueles e aquelas os quais são descritos no Apocalipse pelo Apóstolo São João: uma grande multidão, trajando vestes brancas, advindos de uma grande tribulação, por que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro (cf. Ap 7, 14-17).

Uma Igreja profética, missionária, uma Igreja identificada como uma comunidade de irmãos que viviam entre si e os demais o amor, perdoavam-se mutuamente (por que ninguém vivia para si mesmo, como recorda São Paulo na segunda Leitura), uma Igreja de pacificadores.

O Cristianismo do século IV conheceu uma outra face: de uma Igreja pobre, martirizada por que não se curvava ao Imperador, e marginalizada pelo poder do Estado, passa a ser então, em successivas fases, aceita como mais uma das várias religiões dentro do Império até se tornar a religião oficial de todo o Império Romano. A história é fato! Não se julga! Todavia, é importante fazer análises, sobretudo no que se refere à militarização da Igreja durante todo o regime de cristandade, com os seus prós e os seus contra (dentre alguns acontecimentos históricos destacam-se: Cesaropapismo, Cruzadas, Império Carolingio).

Termos cunhados na trajetória medieval da cristandade, como “ecclesia militans” (da tríade expressão da Igreja enquanto militante, penitente e triunfante) já não respondem tanto às novas necessidades do seculo XX, especialmente na eclesiologa do Concílio Vaticano II, quando na Costituicao dogmática Lumen Gentium afirma: “A Igreja «prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus» (LG 14). Ou seja, Igreja militante entendida como peregrina e não no sentido de militarização.

Um dos desafios dos tempos hodiernos é a força das grandes mídias sociais. O avanço tecnológico e informático das últimas décadas é uma das marcas dos nossos tempos e que, como qualquer outro instrumento, precisa de discernimento. Podemos imaginar o poder que tem as mídias sociais em estimular tantas redes humanitárias capazes de ajudar no processo de socialização desta época. Por outro lado, as fakenews, os perfis violência estrutural, crimes e sentimentos di ódio, rancor e vingança faz-nos pensar seriamente no poder que as mídias sociais podem ter em fazer também o mal.

E porque falamos disto? Por que o anúncio da fé em Jesus Cristo, que anuncia a paz e ensina a via do perdão, está presente nas mídias sociais, em diversos segmentos do Cristianismo. Todavia, fakenews, sentimentos de ódio e intolerâncias encapsulados de cristianismo em modo contínuo e persistente alimentam as redes sociais.

Precisamos, neste tempo em que os grandes inimigos parecem não serem mais os de fora e sim ao interno do próprio pensamento cristão, re-descobrir o ensinamento genuíno de Jesus sobre o amor e o perdão. A Igreja Católica necessariamente precisa se re-descobrir enquanto comunidade, espaço onde as as relações concretas gerem novas relações dentro e fora dela mesma.

Não adianta preencher as mídias sociais de belas frases biblicas, nada acontecerá se compartilhamos posts biblicos, se na praticaprática não tivermos coragem e empenho para uma mudança concreta. Sonhamos com um mundo novo, auspicamos um futuro melhor, mas nada adiante se a conversão não acontece no ambito da proximidade e do cuidado uns para com os outros.

Pe. Waldech Brito Gondim

HAVA NAGILA

26 de Agosto – Hoje, no Martirologio Romano, faz-se memória de São Melquisedeque.

Melquisedeque ou Melquisedec (em hebraico מַלְכִּי־צֶדֶק / מַלְכִּי־צָדֶק, que se traduz Malkiy-Tzadeq, “rei da justiça”, “rei da paz”) é um personagem bíblico do livro de Gênesis antigo rei de Salém (Oriente Médio), que interagiu com Abraão no retorno vitorioso da batalha de Sidim (Gn 14). A história atribui-lhe características sobrehumanas e divinas, demonstrado ser pessoa de enorme valor, que instruiu os povos e lhes deu a civilização.

Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, saudou Abraão quando este voltava da vitória com sua bênção, oferecendo ao Senhor um sacrifício santo, uma vítima imaculada, e foi visto como uma prefiguração de Cristo, rei da paz e justiça e sacerdote para sempre, sem genealogia.

Hava Nagila

Hava nagila è um imperativo; um convite que se impõe: Alegremo-nos! Como o que se segue: Hava naranena, ou seja, cantemos todos, é a expressão daquela alegria,que coroa com o “venishmecha”, a consequência

Uru, uru achim,
uru achim, belev sameach
Uru achim belev sameach,
uru achim, belev sameach
Uru achim !
uru achiiiiiim
Belev sameeeeaaaaach.

Alegremo-nos

Cantemos,cantemos,cantemos, e sejamos felizes
Cantemos,cantemos,cantemos, e sejamos felizes

Despertai,despertai irmãos,
Despertai irmãos com um coração contente
Despertai irmãos com um coração contente,
Despertai irmãos com um coração contente
Despertai irmãos!
Despertai irmãos
Com um coração contente.

Paciência e Discernimento

“Quem tiver ouvidos, ouça!”. É a conclusão do Evangelho deste domingo: joio ou trigo; morte ou vida; inferno ou céu; mal ou bem! Essa dualidade acompanha a jornada de vida do ser humano.
Há quem há pressa de identificar o mal e querer exterminá-lo súbito!
Há quem sempre faz o bem, e não se preocupa com o mal!
Há quem não é livre por que teme o mal!
Há quem faz o mal e não sabe que é mau!
Há quem faz o mal, achando que está fazendo o bem… E assim por diante!
A época de crise de uma consciência moral em que vivemos convida-nos a refletir bem sobre o ensinamento de Jesus.
Tem muito joio que assumiu para si a natureza do trigo, sem sê-lo. E o pior mal é aquele que se veste de bem!
O mal não é um conto de fadas! Ele existe!
Mas o bem é ja uma realidade! O Reino de Deus não se impõe, por que já está em nosso meio!
Jesus ensina aos seus discípulos a paciência de Deus. Espere o joio crescer, e assim não serás mais enganado! O problema é quando o joio cresce e ainda assim não somos capazes de discernir, ou apegamos ao joio mais que ao trigo. Fascinar-se do mal é pior que pecado, é doença! Livrai-nos, Senhor!

Pe. Waldech Brito Gondim
23 julho 2023